sábado, 31 de maio de 2008

Cartas Perto do Coração reúne a correspondência que os escritores Fernando Sabino e Clarice Lispector trocaram entre 1946 e 1969, revelando, muito mais do que meras curiosidades biográficas, as inseguranças e as dúvidas de dois dos mais importantes criadores da literatura brasileira do século 20. O título alude ao primeiro livro de Clarice, Perto do coração selvagem, com o subtítulo: Dois jovens escritores unidos ante o mistério da criação.A obra é um belo instrumento de acesso aos tempos de formação de Clarice, em luta com seus primeiros escritos, sobretudo A Maçã no Escuro, e Fernando, enquanto escreveu seu célebre romance O Encontro Marcado.Clarice Lispector, por exemplo, após a leitura de uma crítica desfavorável de Álvaro Lins, classificando seus primeiros romances de "mutilados e incompletos", abatida, escreveu para Fernando Sabino: Tudo o que ele diz é verdade. Não se pode fazer arte só porque se tem um temperamento infeliz e doidinho. Fernando, como bom amigo, indignado responde: Digo apenas que não concordo com você. Já te disse que você avançou na frente de todos nós (...) Álvaro Lins é um cretino. Alguns parágrafos antes, o escritor se pôs a meditar sobre a insegurança que atormentava a ambos, buscando uma explicação que incluísse a literatura: A gente se angustia é por não saber intimamente o que está fazendo.Em nova carta, Clarice continuou a desabafar: Não trabalho mais, Fernando. Passo os dias procurando enganar minha angústia e procurando não fazer horror a mim mesma. Ela se sentia presa no que chamava de "vida íntima, a um ponto de não ter nenhum sinal exterior". A solidão, o isolamento, a incomunicabilidade eram elementos que perpassaram toda a obra de Clarice. Interrompi mesmo o trabalho, minha impressão é de que é para sempre, afirmou. Em sua resposta, Sabino tentou consolá-la: A arte não nos satisfaz porque não passa disso: é o testemunho de nós mesmos. E diz que é horrível ver a amiga presa "num círculo de giz".Numa carta seguinte, Clarice voltou a ser muito rude consigo: Estou vendo que não disse nada, que não é nada disso, e estou vendo que estou bastante perdidinha. Naquele momento, cheia de dúvidas, ela trabalhou em seu famoso conto O Crime do Professor de Matemática. Estou sempre errando, torturava-se. Na carta seguinte, fazendo coro com as lamentações de Clarice, é a vez de Fernando Sabino dizer: Tudo o que tenho feito cada vez corresponde menos ao que eu queria fazer. Vivendo em Nova York, a solidão agravou a imagem negativa que o escritor tinha de si. Fernando Sabino é realmente um ser de comovente estupidez: no Brasil, tinha casa, amigos, emprego melhor, automóvel (se bem que...), chope no Alcazar..., escreve. Meditando sobre a angústia, em outra carta, Clarice concluiu: A explicação é que me falta realidade. Confessou que estava rascunhando uma tragédia, ao estilo da Idade Média e, solene, se admoestou: Em verdade vos digo, é uma coisa horrível. Mas tive tanta vontade de fazer que fiz contra mim. Comentando a confidência da amiga, Fernando Sabino sugeriu: Desconfio que será uma trilogia, nem trágica nem triste, mas certa, exata e indispensável como são esses livros que a gente escreve para desmoralizar nossa própria necessidade de escrever. E, num esforço para quebrar a tensão, falou de um projeto, a que chamou de Aprendiz de Feiticeiro, no qual esboçou uma divertida e debochada classificação dos escritores. Diagnosticou a existência, por exemplo, dos "que começam e acabam" (José Lins do Rego), "os que acabam e não começam" (Cyro dos Anjos), "os que começam mas não acabam" (Otávio de Faria) e "os que nem começam e nem acabam" (Lúcio Cardoso). E assim aliviou a própria aflição.Vivendo em Berna, onde seu marido, Maury Gurgel Valente, exercia cargo diplomático, Clarice teve a chance de viajar pela Europa. De volta de uma visita à França, escreveu: "Tive um verdadeiro cansaço em Paris de gente inteligente. Não se pode ir a um teatro sem precisar dizer se gostou ou não, e porque sim e porque não. Depois de ler os diários do escritor francês Julien Green, ela comentou: Em muita coisa me sinto tão parecida com ele (...) e, ao mesmo tempo que me dá uma sensação muito boa de comunicação, me dá uma sensação intolerável de prisão, como cada vez que sou compreendida. Já instalado novamente no Rio de Janeiro, Sabino compartilhou com a amiga esse sentimento e manifestou sua repulsa aos conselhos dados por outros escritores: Gide aconselhou que a gente começasse a escrever uma frase sem saber como iria acabá-la, para maior vivacidade do estilo: fui seguir o conselho e hoje em dia sempre que começo uma frase acabo não sabendo mesmo como deve ser terminada, confessou. Já vivendo agora em Washington, para onde o marido foi transferido, Clarice falou de suas dificuldades para aderir ao american way of life. E descreveu assim o estado de introspecção em que a distância a meteu: Passo o tempo todo pensando – não raciocinando, não meditando – mas pensando, pensando sem parar. E aprendendo, não sei o quê, mas aprendendo. Em sua resposta, Fernando Sabino descreve um estado de melancolia muito parecido: Estou ficando vago, e ultimamente ando cada vez mais tolerante com a vaguidão das palavras. Cada um em seu estilo, descreveram um mesmo desalento, que se intensificou nos intervalos da criação. Depois de ler os originais dos contos de Clarice que viriam a compor A Imitação da Rosa, Sabino, deslumbrado com o que leu, mas sem dissimular a inveja, disse: A primeira sensação foi de desânimo. Ora, eis que estou empenhado em escrever um romance importantíssimo para mim, mas impiedosamente limitado como realização artística e – o que é pior – desgraçadamente penoso de ser escrito. E me vem você com esses contos, dizendo, como quem não quer nada, tudo aquilo que eu pretendia dizer um dia. E, para que se visse que a competição não afetava sua amizade, tempos depois Fernando Sabino se empenhou, com esmero, em ajudar Clarice na releitura dos originais de A Maçã no Escuro – que ainda se chamava, a essa altura, A Veia no Pulso. Nas cartas que trocaram a respeito, cheio de cuidados, ele elaborou numa longa lista de sugestões de mudanças, que ocuparam 29 páginas da correspondência entre os dois. Clarice, desanimada, esforçou-se para seguir os conselhos do amigo. Comecei a revê-lo. (...) Não sei como você teve paciência com ele. Estou com pouca, ele é descosido, e tão mal escrito que muitas vezes não dá jeito de consertar, recriminou-se. Ao receber a versão corrigida do romance, foi a vez de Sabino se lamuriar: Fiquei encabulado de ver que você seguiu ao pé da letra demais as minhas sugestões, diz. Tempos depois, lendo os originais de O Encontro Marcado, de Sabino, uma perplexa Clarice admitiu: Perguntei-me de início aonde você pretendia levar o leitor e me levar. Mas se perguntou ainda: O fato de você ter escrito este livro e eu ter escrito o meu, não é o começo da maturidade? Fernando Sabino respondeu: Você pode calcular o que representa este livro para mim, como 'purgação' – motivo evidente de ordem extraliterária, mas necessário para que eu me sinta daqui por diante capaz de escrever sobre o que quiser. Apesar da intimidade cada vez maior, os dois estavam sempre cheios de cuidados. Eu devo ter me exprimido mal quando disse que preferia não ter sido você a pessoa capaz de escrever esse livro, penitenciou-se Clarice numa carta posterior.O que eu queria exatamente dizer é que o livro é doloroso, o livro dói, e eu queria que você não tivesse sido a pessoa que sentiu tudo o que sentiu. Afastada essa dúvida, Clarice pôde dizer: Só posso lhe dizer uma coisa, Fernando: o livro que você escreveu pareceu me libertar mais do que o livro que eu própria escrevi. O que pode parecer só uma troca de frívolas gentilezas foi, na verdade, a manifestação de uma sólida e fecunda cumplicidade.O próprio Fernando Sabino, poeticamente, revelou o conteúdo desta correspondência: O que transparece em nossas cartas é uma espécie de pacto secreto entre nós dois, solidários ante o enigma que o futuro reserva para o nosso destino de escritores.Cartas Perto do Coração é um tratado apaixonado sobre a escritura e sobre o ofício do escritor. Retrato do amor que uniu estes dois grandes nomes de nossa literatura.
O termo abaixo foi citado na aula de Cânone enquanto discutíamos as correspondencias entre autores, como Clarice Lispector e Fernando Sabino e etc.
O termo pode ser aplicado a literatura. Observe:
Voyeurismo é uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de outras pessoas. Essas pessoas podem estar envolvidas em atos sexuais, nuas, em roupa interior, ou com qualquer vestuário que seja apelativo para o indivíduo em questão, o voyeur. A prática do voyeurismo manifesta-se de várias formas, embora uma das características-chave é que o indivíduo não interage com o objeto (por vezes não cientes de estarem sendo observados); em vez disso, observa-o tipicamente a uma relativa distância, talvez escondido, com o auxílio de binóculos, câmeras, etc., o que servirá de estímulo para a masturbação, durante ou após a observação.
Pessoas que chegam ao prazer observando pessoas nuas ou relações sexuais, sem o consentimento dos envolvidos.
O risco provoca a excitação. Muitos voyeuristas - que, na maioria, são homens solteiros - masturbam-se enquanto assistem. O mestre inglês
Alfred Hitchcock foi quem primeiro deu mais destaque ao voyeurismo, principalmente em sua obra "Janela Indiscreta". Nos anos 80, Brian De Palma tocou novamente no tema, com o clássico Body Double (Dublê de Corpo). Recentemente, Michael Haneke trabalhou sua perspectiva da observação sexual em Caché.

O escritor Hélio Pólvora (nome completo: Hélio Pólvora de Almeida) é natural de Itabuna, Bahia, onde nasceu em 1928, em fazenda de cacau. Fez estudos secundários em Salvador, no Colégio Dois de Julho, Colégio Carneiro Ribeiro e Colégio da Bahia. Iniciou-se no jornalismo como colaborador e editor do semanário Voz de Itabuna; mais adiante, foi correspondente em sua cidade de jornais de Salvador. Em janeiro de 1953 fixou-se no Rio de Janeiro, para curso universitário. Ali residiu pouco mais de trinta anos. Datam desse período o início de sua carreira literária e uma atividade jornalística intensa, que prosseguiram, depois de 1984, na Bahia (Itabuna, Ilhéus e Salvador). À sua estréia em livro com Os Galos da Aurora (contos, 1958, reescrito em 2002), seguiram-se cerca de 25 títulos de ficção e crítica literária, além de participação em dezenas de antologias nacionais e estrangeiras. Contos seus estão traduzidos em espanhol, inglês, francês, italiano, alemão e holandês. A partir de 1990, passou a residir em Salvador. Eleito para a Cadeira 29 da Academia de Letras da Bahia, faz parte também da Academia de Letras do Brasil (sede em Brasília, DF), onde ocupa a cadeira 13, que tem como patrono Graciliano Ramos. Pertence ainda à Academia de Letras de Ilhéus. É Doutor honoris causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Participou, ao lado de nomes como José Guilherme Merquior, Miécio Táti e Ivan Cavalcanti Proença, da Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministro da Educação e Cultura, Jarbas Passarinho, para reconstituir os textos e reeditar a obra do Mestre, foi parecerista do Instituto Nacional do Livro e da Livraria Francisco Alves Editora, no Rio de Janeiro, e em Salvador integrou a Comissão Selo Bahia, criada pela Secretaria da Cultura e do Turismo, no âmbito da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Foi editor (Edições Antares, Rio de Janeiro), crítico literário do Jornal do Brasil, Veja e Correio Braziliense, por muitos anos, cronista e crítico de cinema do Jornal do Brasil, Shopping News e outros jornais e revistas. Fundador e editor do jornal Cacau-Letras, em Itabuna. Atualmente é cronista de A Tarde, de Salvador, aos sábados, onde escreve há mais de doze anos. Também publica naquele órgão um artigo semanal, na página de opinião, aos domingos, e tem sido colaborador assíduo do caderno Cultural, de A Tarde. Dos seus livros publicados, doze são de contos literários. Conquistou prêmios literários de nomeada, entre os quais os da Bienal Nestlé de Literatura, anos 1982 e 1986, para contos (1.º lugar), e mais os prêmios da Fundação Castro Maya, para o livro Estranhos e Assustados, e Jornal do Commercio, para Os Galos da Aurora. Assina mais de oitenta traduções de livros de ficção (romances e contos) e ensaios. Visitou a Colômbia, Estados Unidos e Alemanha, a convite oficial, e conhece bem, além do Brasil, a Europa Ocidental.


Fotos da Comunicação Individual de Leonardo Campos sobre o romance Lucíola, de José de Alencar.
Foram 20 comunicações no total.
Canção do exílio é o poema de Gonçalves Dias que abre o livro Primeiros Cantos e marca a obra do autor como um dos mais conhecidos poemas da língua portuguesa no Brasil. Foi escrita em julho de 1843, em Coimbra, Portugal. O poema, por conta de sua contenção e de sua alusão à pátria distante, tema tão próximo do ideário do Romantismo, tornou-se emblemático na cultura brasileira. Tal caráter é percebido por sua freqüente aparição nas antologias escolares, bem como pelas inúmeras citações do texto presentes na obra dos mais diversos autores brasileiros. Sua temática é própria da primeira fase do Romantismo brasileiro, em sua mescla de nostalgia e nacionalismo. Gonçalves Dias compôs o poema cinco anos depois de partir para Portugal, onde fora cursar Direito na Universidade de Coimbra. A Canção do exílio teria surgido por inspiração após a leitura da balada Mignon, de Wolfgang Goethe, poema do qual Gonçalves Dias usa alguns versos como epígrafe.
O texto é estruturado a partir do contraste entre a paisagem européia e a terra natal - jamais nominada, sempre vista com o olhar exagerado de quem está distante e, em sua saudade, exalta os valores que não encontra no local de exílio. A construção patética (de pathos, comoção) é feita pela repetição das idéias expostas nos versos iniciais e pela súplica dos últimos versos.
O poema é marcado por uma contenção formal, uma economia de termos e um cuidado métrico que seria aos poucos abandonado pelos poetas românticos posteriores. Sua forma equilibrada tornou-o material perfeito como texto declamatório. A grande exposição do poema ao longo da história literária brasileira teria, para alguns autores, banalizado a criação ao ponto de extrair do leitor contemporâneo o impacto inicial de seus versos.
A Canção do Exíliofoi amplamente recriada e parodiada, principalmente pelos poetas modernistas; dois de seus versos estão citados no Hino Nacional Brasileiro ("Nossos bosques têm mais vida,/Nossa vida, mais amores."). Estas são algumas das inúmeras releituras e citações que o poema de Gonçalves Dias recebeu, a partir do Modernismo, pelas mãos de diversos poetas brasileiros:

Canção do Exílio - Casimiro de Abreu
Canto de Regresso à Pátria -
Oswald de Andrade
Europa, França e Bahia -
Carlos Drummond de Andrade
Nova Canção do Exílio -
Carlos Drummond de Andrade
Canção do Exílio -
Murilo Mendes
Canção do Expedicionário -
Guilherme de Almeida
Uma Canção -
Mário Quintana
Jogos Florais I e II - Antônio Carlos de Brito (
Cacaso)
Canção de Exílio Facilitada -
José Paulo Pais
Lisboa: Aventuras -
José Paulo Pais
Sabiá - Letra de
Chico Buarque de Holanda e música de Antônio Carlos Jobim
Terra das Palmeiras -
Taiguara
CANÇÃO DO novo EXÍLIO -
Hênio dos Santos


Venha Ver o Pôr-do-Sol é um conto da escritora brasileira Lygia Fagundes Telles , e considerado um dos mais famosos da renomada autora. Foi trabalhado na disciplina O Cânone Literário em março. O conto está inserido no livro Antes do Baile Verde, publicado em 1970, e aborda a história do misterioso Ricardo que resolve matar a mulher que ama por ela não o querer mais. Ele a leva até um cemitério abandonado e a prende em uma catacumba. Através do contato com este conto de Lygia Fagundes Telles, reuni um pequeno grupo da disciplina de Língua Inglesa em Nível Intermediário e decidimos, após apresentar o conto aos integrantes que não conheciam, traduzir o texto de forma adaptada e apresentar.

Algumas mudanças foram realizadas:
- O narrador surge como um personagem em um Bar tomando driques e contando a uma outra pessoa os fatos do conto.

- Os nomes dos personagens foram transpostos para a língua inglesa: Ricardo se tornou Richard e Raquel, Rachel.
- Em homenagem a alguns nomes da literatura e cinema, colocamos algumas lápides no cenário com citações (e uma foto do representante) marcante de determinado escritor ou diretor de cinema. Entre os homanageados estavam: William Shakespeare, Oscar Wilde e Edgar Allan Poe, sobre literatura. Orson Wells, Alfred Hitchcock como homenagens ao cinema. Na trilha sonora da peça, um trecho de As quatro estações e duas músicas instrumentais de cinema como Jaws, do filme Tubarão (de Spilberg) e Psycho, do filme homônimo de Hitchcock.

- Para fazer valer as homenagens complementares, foi colocado no cenário uma réplica de O Barril de Amontillado, buscando fechar as idéias de intertextualidade.

Observe as fotos acima.
Pesquise e saiba mais sobre estes dois nomes da literatura brasileira:
Sousândrade
Joaquim de Sousa Andrade mais conhecido por Sousândrade (Guimarães, 9 de julho de 1833São Luís, 21 de abril de 1902) foi um escritor e poeta brasileiro.
Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas.
Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos.
Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857. Viajou por vários países até fixar-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra poética O Guesa, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte, sucessivamente ampliada e corrigida nos anos seguintes. No período de 1871 a 1879 foi secretário e colaborador do periódico O Novo Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA).
Retornando ao Maranhão, comemora com entusiasmo a Proclamação de República. Em 1890 foi presidente da Intendência Municipal de São Luís. Realizou a reforma do ensino, fundou escolas mistas e idealizou a bandeira do Estado, garantindo que suas cores representassem todas as raças ou etnias que construíram sua história. Foi candidato a senador, em 1890, mas desistiu antes da eleição. No mesmo ano foi presidente da Comissão de preparação do projeto da Constituição Maranhense.
Morre em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas.
Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso Romantismo.
Em 1877, escreveu:
"Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes".
Sousândrade em sua época não era conhecido. Morreu sozinho e foi considerado louco.

Qorpo Santo
José Joaquim Leão, natural da vila do Triunfo, interior do Rio Grande do Sul, vai para Porto Alegre em 1840, já órfão de pai, para estudar gramática e conseguir emprego na capital, habilitando-se ao exercício do magistério público, que passou a exercer a partir de 1851.
Casa-se em
1855 e, em 1857, muda-se com a família para Alegrete, cidade na qual funda um colégio, adquirindo respeitabilidade como figura pública, escrevendo para jornais locais e ocupando ainda cargos públicos de delegado de polícia e vereador.
Em
1861, de volta a Porto Alegre, segue a carreira de professor e começa a escrever sua Ensiqlopédia ou seis mezes de huma enfermidade. Parecem manifestar-se, neste momento, os primeiros sinais de seus transtornos psíquicos, rotulados então sob o diagnóstico de “monomania”, sendo afastado do ensino e interditado judicialmente a pedido da própria família. QS não aceita pacificamente este seu enquadramento psiquiátrico, recorrendo ao Rio de Janeiro, sendo examinado então por médicos daquela capital, que diferem do diagnóstico inicial e não endossam sua interdição judicial.
Todavia, o estigma estava posto, e o autor se vê cada vez mais isolado. Este isolamento social parece incitá-lo a escrever febrilmente, e o leva ademais a constituir sua própria
gráfica, na qual viabiliza e edita sua produção textual.
Fique por dentro de algumas definições de conceitos citados em sala de aula:
Pastiche é definido como obra literária ou artítica em que se imita grosseiramente o estilo de outros escritores, pintores, musicos, etc.
Modernamente, o pastiche pode ser visto como uma especie de colagem ou montagem, tornando-se uma paródia em série ou colcha de retalhos de vários textos. Nem sempreé grosseiro, como demonstra o romance Em Liberdade, de Silviano Santiago, que é pastiche do estilo de
Gaciliano Ramos. Ou os livros de Fernando Sabino e Ivan Cavalcant Proença que reescreveram Dom Camurro, de Machado de Assis.
No trecho abaixo, Machado de Assis, sem seu conto "O cônego ou a metafisíca do estilo", dazum pastiche bíblico:
Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano, vem... As mandrágoras deram o seu cheiro. Temos as nossas portas toda a casta de pombos...”
”eu vos conjuro, filhas de Jerusalém, que se encontrardes com meu amado, lhe façais saber que estou enferma de amor... “
Era assim, com essas melodia do velho drama de Judá, que procuravam um ao outro na cabeça do cônego Matias um substantivo e um adjetivo...Não me interrompas, leitor precipitado.(...)
Procuram-se e acham-se. Enfim, Silvio achou Silvia. Viram-se caíram nos braços um do outro, ofegantes de canseira, mas remidos com a consciência. “Quem é esta que sobe do deserto, firmada sobre seu amado?” pergunta Silvio, como no Cântico; e ela, com a mesma lábia erudita, responde-lhe que “é o selo do seu coração”, e que “o amor é tão valente como a própria morte.”
O pastiche, procedimento que mescla estilos, também foi cultuado por
Mario Quintana, como neste “Hai-kai tirado de uma falsa lira de Gonzaga, em que o poeta gaucho recorre a uma forma lírica japonesa para imitar o lirismo da obra árcade Marília de Dirceu: Quis gravar “amor ”No tronco de um velho freixo “Marília”, escrevi.